Por Jerbson Moraes Advogado e ex-vereador de Ilhéus
Hoje, 28 de junho, Ilhéus completa 491 anos. Para quem não conhece profundamente esta cidade do sul da Bahia, pode parecer apenas mais um aniversário municipal. Para mim, é o dia de declarar publicamente um amor que moldou minha existência.
Ilhéus não é só minha cidade do coração — é onde me tornei quem sou. Terra que Jorge Amado eternizou em suas páginas, berço da civilização cacaueira brasileira, portal de entrada da cultura afro-brasileira no período colonial. Aqui, entre o mar e as fazendas de cacau, construí minha trajetória como cidadão, profissional e homem público.
Foi na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) que me formei em Direito. Nas ruas e praças desta cidade que aprendi política, representando nossa população em dois mandatos na Câmara Municipal. Experiências que me ensinaram que amor à terra natal se demonstra com ação, não apenas com palavras.
O teste mais duro veio em 2019, quando as manchas de óleo do Nordeste ameaçaram nosso litoral. Ilhéus, que vive do turismo e da pesca artesanal, via sua sobrevivência ameaçada. Não hesitei: assumi a linha de frente da mobilização, coordenando voluntários, pressionando autoridades, lutando para que nossa voz chegasse a Brasília. Não por obrigação política, mas por amor genuíno a esta terra.
Aqueles dias me lembraram por que Ilhéus é especial. Não apenas pelas belezas naturais — as praias do Norte e Olivença, a Mata Atlântica preservada, o centro histórico que respira cultura. Ilhéus é especial por sua gente: pescadores que conhecem cada corrente marítima, produtores rurais que mantêm viva a tradição cacaueira, comerciantes que resistem às crises econômicas com criatividade baiana.
Esta cidade de 180 mil habitantes carrega um Brasil em miniatura. Aqui convivem descendentes de escravizados, imigrantes árabes, portugueses e alemães — uma miscigenação que criou uma identidade cultural única. Ilhéus é também laboratório de sustentabilidade: primeira região brasileira a desenvolver o cacau orgânico em larga escala, pioneira no turismo ecológico do Nordeste.
Hoje, quando o país discute desenvolvimento regional e potencial do interior, Ilhéus se apresenta como exemplo. Cidade que soube preservar sua história sem renunciar à modernidade, que transformou a crise da lavoura cacaueira em oportunidade para diversificação econômica.
Nos meus anos de vida pública, aprendi que política de verdade nasce do território. Não se faz boa gestão municipal pensando apenas em Brasília ou nas capitais. É preciso conhecer cada bairro, cada problema local, cada potencial da terra que se governa.
Por isso, neste aniversário, faço mais que uma declaração de amor — assumo um compromisso público. Ilhéus merece representantes que carreguem sua história no peito e seu futuro nos projetos. Que entendam que esta cidade não é apenas um endereço eleitoral, mas um patrimônio nacional que precisa ser preservado e potencializado.
Parabéns, Ilhéus. Seus 491 anos são também a prova de que o Brasil tem muito a descobrir sobre si mesmo no interior de seus estados. Meu amor por você seguirá sendo a bússola das minhas escolhas.
Jerbson Moraes é advogado, ex-vereador de Ilhéus (2017-2024) e ex presidente da Câmara.
